Natividade de Nossa Senhora

Temos a graça de celebrarmos neste dia 8 de setembro, a festa da Natividade de Nossa Senhora, exatamente 9 meses após a festa da Imaculada Conceição. (…)

“A celebração de hoje é para nós o começo de todas as festas”, afirma o Calendário Litúrgico Bizantino. O nascimento de Maria Santíssima traz ao mundo o anúncio jubiloso de uma boa nova: a mãe do Salvador já está entre nós. Ele é o alvorecer prenunciativo de nossa salvação, o início histórico da obra da Redenção. (…)

Nessa festa o mundo católico admira Nossa Senhora como sendo. Ela a aurora que anuncia o Sol de justiça que dissipa as trevas do pecado. Nela, a Igreja convida a “contemplarmos uma menina como todas as outras, e que ao mesmo tempo é única, pois, Ela é a “bendita entre todas as mulheres” (Lc 1, 42), a Imaculada “filha de Sião”, destinada a tornar-se a Mãe do Messias”. (São João Paulo II, Audiência de 8/9/2004). (…)

Os Evangelhos nada dizem sobre sua natividade. Nenhum relato de profecia, nem aparições de anjos, nem sinais extraordinários são narrados pelos Evangelistas. Só no Céu houve Festa, pois, o Filho de Deus vê sua Mãe nascer. 

No Evangelho – Mt 1,18-23 – São Mateus diz que a Mãe de Jesus “estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo”As palavras usadas pelo Evangelista são simples, mas escondem uma realidade imensa, misteriosa, inaudita. Pensemos em José e Maria, ainda jovens. Eles certamente se amavam; como todo casal piedoso daquela época pensavam em ter filhos – os filhos eram considerados uma bênção de Deus. Mas, eis que antes de viverem juntos, a Virgem se acha grávida por obra do Espírito Santo! Deus entra silenciosamente na vida daquele casal. Nós sabemos, pelo Evangelho de São Lucas, que Maria disse “sim”, que Maria acreditou, que Maria deixou que Deus fosse Deus em sua vida: “Eu sou a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38)De repente, eis que uma vida de família, que tinha tudo para ser pacata e serena, viu-se agitada por uma tempestade. Por um lado, a Virgem diz “sim” a Deus e, sem saber o que explicar ou como explicar ao noivo, cala-se, abandonando-se confiantemente nas mãos do Senhor. 

 Por outro lado, José sabe que o aquele filho não é seu; não compreende como Maria poderia ter feito tal coisa com ele: ter-lhe-ia sido infiel? E, no entanto, não ousa difamar a noiva. Resolve deixá-la secretamente. Quanta dor, quanta dúvida, quanto silêncio: silêncio de Maria, que não tem o que dizer nem como explicar; silêncio de José que, na dor, não sabe o que perguntar à noiva; silêncio de Deus que, pacientemente, vai tecendo a sua história de salvação na nossa pobre história humana. E, então, como fizera antes com a Virgem, Deus agora dirige sua palavra a José: “José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo de seus pecados”. Atenção aos detalhes! O Anjo chama José de “filho de Davi”. É pelo humilde carpinteiro que Jesus será descendente de Davi. Note-se que é José quem deve dar o nome ao Menino, reconhecendo-o como seu filho. Note-se ainda o nome do Menino: Jesus, isto é, “o Senhor salva”! Deus, humildemente, revela seu plano a José e, depois de pedir o “sim” de Maria, espera o “sim” de José. E, como Maria, José crê, José se abre para Deus em sua vida, José mostra-se disposto a abandonar seus planos para abraçar os de Deus, José diz “sim”: Quando acordou, José fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa!”. 

Ao celebramos este dia do nascimento de Maria, queremos recordar que sua vida foi total entrega a Deus. Ela foi agraciada porque foi serva humilde e fiel no plano da salvação.

Que Maria olhe por todos nós. Que possamos a cada dia de nossa vida ser como Maria: serva humilde e fiel. Maria, entregamos a Vós a nossa vida e toda a nossa caminhada cristã. 

Fonte: Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), em https://www.cnbb.org.br/natividade-de-nossa-senhora-3/