Lendo os Evangelhos, percebemos que Jesus fez da missão que recebeu do Pai a razão do seu viver. Ele anunciava incansavelmente a Boa Nova do Pai, através de suas palavras, de sinais e, principalmente, de suas atitudes de acolhimento de pecadores, que falavam mais alto que qualquer palavra. Ele sentava-se à mesa com eles, não julgava, nem condenava. Jesus era o que ia ao encontro de todo aquele que estava em necessidade.
No Documento de Aparecida 353, “Jesus, o Bom Pastor, quer comunicar-nos a sua vida e colocar-se a serviço da vida. Vemos como ele se aproxima do cego no caminho (cf. Mc 10,46-52), quando dignifica a samaritana (Jo 4,7-26), quando cura os enfermos (Mt 11,2-6), quando alimenta o povo faminto (Mc 6,30-44), quando liberta os endemoninhados (cf. Mc 5,1-20). Em seu Reino de Vida, Jesus inclui a todos: come e bebe com os pecadores (cf. Mc 2,16), sem se importar que o tratem como comilão e bêbado (Mt 11,19); toca com as mãos os leprosos (Lc 5,13), deixa que uma prostituta unja os seus pés (Lc 7,36-50) e, de noite, recebe Nicodemos para convidá-lo a nascer de novo (cf. Jo 3,1-15). Igualmente, convida seus discípulos à reconciliação (Mt 5,24), ao amor pelos inimigos (Mt 5,44) e a optar pelos mais pobres (Lc 14,15-24).” Quando chegou a hora de Jesus voltar para junto do Pai, Ele fez questão de recomendar aos seus discípulos que fossem anunciar o Reino de Deus a todos.
Penso que Jesus não queria que seus discípulos ficassem parados, acomodados. Ele desejou que saíssem para espalhar a todos a Grande Notícia que Ele mesmo nos trouxe, qual seja: Deus é nosso Pai, nos ama e quer nos salvar, dando-nos uma vida plena, uma vida de felicidade e alegria. Por isso, praticamente as últimas palavras de Jesus aos seus discípulos são: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade” (Mc 16,15) O finalzinho do Evangelho de Marcos nos diz que “os discípulos saíram e pregaram por toda a parte…” (Mc 16,20).
Hoje, nós somos os discípulos e discípulas de Jesus, e a mesma ordem que Ele deu aos primeiros discípulos, Ele nos dá agora. “Vão e anunciem!”… Nós, como discípulos e missionários de Jesus, queremos e devemos proclamar o Evangelho, que é o próprio Cristo. Anunciamos aos povos que Deus nos ama, que sua existência não é ameaça para o homem, que Ele está perto com o poder salvador e libertador de seu Reino, que Ele nos acompanha na tribulação, que alenta incessantemente nossa esperança em meio a todas as provas.
Nós, cristãos somos portadores de boas novas para a humanidade, não profetas de desventuras.” (Documento de Aparecida 30) Não podemos ficar pensando que esta tarefa de ser missionário (a) é somente do padre ou da freira, ou ainda somente daquelas pessoas que estão mais “dentro” da Igreja. Somos todos convidados (as) a exercer essa missão de anunciar a todos a Boa Notícia do Evangelho de Jesus Cristo. É importante que nós não nos comportemos como aqueles que são donos da verdade, mas que nos apresentemos sem preconceitos, abertos e acolhedores. Devemos ter como modelo a ser seguido o próprio Jesus. Ele, que é manso e humilde de coração, que não veio julgar, mas salvar, Ele que tem compaixão e que perdoa, Ele que veio nos dar a Vida. Que possamos dizer como São Paulo “Anunciar o Evangelho não é título de Glória para mim; é uma necessidade que me foi imposta…” (1 Cor 9,16).
Fonte: Pe Átila Latini, pároco da Igreja Nossa Senhora do Sagrado Coração – Santuário das Almas Niterói.