Vocação: sentir o chamado de Deus para pôr os pés a caminho

Este é o terceiro Ano Vocacional da Igreja do Brasil. Teve início no dia 20 de novembro de 2022 e termina no dia 26 de novembro de 2023. O tema deste Ano Vocacional 2023 é “Vocação: Graça e Missão” e o lema “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24, 32-33). Este lema ´tem algo de especial quando se fala da vocação como encontro com Jesus. Esses corações ardentes aparecem muito na experiência dos discípulos de Emaús. Os discípulos de Emaús diziam: não ardia o nosso coração quando ele nos falava? Essa experiência na oração, na fé, também com uma espiritualidade autêntica, leva ao encontro com ele. E nesse encontro é que as pessoas começam a sentir dentro de si algo que estimula a se pôr a caminho. Ela parte em missão, parte para o trabalho junto aos outros e dar a vida pelos outros.

São várias vocações, porém somos chamados mesmo para uma única vocação, qual seja, a vocação à vida. A primeira vocação, a que todas as pessoas são chamadas a viver, é a vocação para a vida. Fomos criados para a vida. Somos chamados para viver uma vida plena, abundante. Isso é tão verdadeiro que Jesus nos diz que um dos aspectos de sua missão é o de dar vida em abundância para todos. “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância.” (Jo 10,10). De toda a criação, somos o melhor que Deus criou. Por isso, é preciso que lutemos para que todos possam viver com dignidade a sua vida, viver uma vida plena. Para se viver uma vida verdadeira, abundante, é preciso que a pessoa tenha o essencial para viver, desde as coisas mais elementares como: casa, comida, trabalho, estudo, saúde, lazer etc., como também as “coisas” que nos tornam mais gente ainda: liberdade, amor, fé, amizade, justiça, solidariedade, respeito, perdão etc.

O Sacramento do Batismo expressa bem essa vocação à vida, pois o Batismo nos enche desta vida plena. Através do simbolismo da água que mata a sede e mantém a vida, percebemos que necessitamos da vida em Deus que o batismo nos dá. O(A) batizado(a) é aquele(a) que é chamado(a) a viver a vocação de ser Igreja. Não somente ir à igreja, mas, principalmente, viver essa vocação no dia a dia, na família, no trabalho, no lazer, na igreja. O Batismo nos torna oficialmente participantes da grande família de Deus.

Somos irmãos e irmãs com uma grande missão: a de tornar todos os homens e mulheres mais fraternos e solidários, destruindo todas as formas de desunião, egoísmo e exclusão. É na vida diária que o(a) batizado(a) vive esta fraternidade. É inserido no mundo que devemos ser Igreja. No exercício de viver, vamos descobrindo que a nossa vida está profundamente ligada à vida dos outros, e que só poderemos ser realmente felizes se conseguirmos colocar a nossa vida em comunhão com outras vidas. Assim, sendo, normalmente chegamos a um momento da vida em que sentimos necessidades de descobrir nossa vocação em relação às outras pessoas, e aí, geralmente; escolhemos a vocação ao matrimônio. Porém, nem todos pensam que para o matrimônio é preciso ter vocação. Ser esposo e pai, ser esposa e mãe, depende de vocação. Nem todas as pessoas têm vocação para isso. O matrimônio é a vocação que faz a vida ser plena, vida a dois que transborda no acolhimento dos filhos. Formando uma família, o homem e a mulher se tornam testemunhas do amor que Deus tem por nós.

Outras pessoas descobrem que a sua vocação em relação às outras é ser padre, irmão ou irmã religiosa. Sentem que são chamados (as) a tornar o mundo mais de Deus, colocando-se a serviço da construção de uma nova sociedade, diferente de tudo o que está aí. É um serviço à comunidade e aos outros.

O Documento da Conferência de Aparecida, n° 217, nos diz que os (as) consagrados (as) são chamados a fazer de suas vidas, suas obras e suas vidas fraternas um anúncio explicito do Evangelho “principalmente aos mais pobres, como tem sido em nosso continente desde o início da evangelização. Deste modo, segundo seus carismas fundacionais, eles colaboram com a gestação de uma nova geração de cristãos, discípulos e missionários e de uma sociedade onde se respeite a justiça e a dignidade.

Fonte: Pe. Átila Latini msc, Pároco da Igreja Nossa Senhora do Sagrado Coração – Santuário das Almas Niterói