Ele sopra onde quer

A Páscoa não é uma festa de um só dia, mas ela se estende por várias semanas, mais precisamente por 50 dias e, no final desse tempo, celebramos a festa de Pentecostes. Pentecostes é a festa da vinda do Espírito Santo sobre a Igreja; é um acontecimento importante no início da Igreja que estava nascendo.

O Espírito Santo é aquele que relembra, inspira e anima os cristãos a continuarem a missão de Jesus Cristo aqui nesse mundo. Nós, cristãos, somos os continuadores da obra que Jesus Cristo começou. Através do nosso compromisso e testemunho com e no mundo tornamos a presença de Jesus Cristo sempre atual. São Paulo, na sua primeira carta aos Coríntios, nos diz que há diferentes formas e maneiras de o Espírito Santo se manifestar na comunidade. São Paulo diz que há diversos dons/ministérios e diferentes atividades. Diz ainda: “a cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (1Cor 12,7).

O trabalho e o serviço que prestamos em nossa Paróquia e na comunidade, nos diversos grupos e ou pastorais, são expressões dos nossos dons colocados em vista do bem comum. Não é favor que estamos fazendo para o padre ou para Deus. Todos nós recebemos esses dons e podemos colocá-los a serviço para o crescimento da comunidade. É exatamente neste ponto que sentimos mais dificuldades em entendermos certos grupos e espiritualidades dentro da Igreja que pregam e incentivam uma espiritualidade do Espírito Santo totalmente voltada somente para o consolo pessoal e ou satisfação espiritual pessoal e não muito comprometida com o bem comum, o bem da comunidade. É a espiritualidade do “eu e Jesus”. O “nós” fica em segundo plano.

Um Bispo da nossa Igreja dizia que o Espírito Santo tem duas asas, uma da oração e outra da ação. Com uma asa só o Espírito não consegue voar. E é isso mesmo. O Espírito deve voar para onde Ele deseja. “Sopra onde quer” (Jo 3,8). O Espírito Santo é aquele que empurra para a unidade; a unidade dentro da Igreja entre as pastorais e movimentos. Abre-nos também para estarmos em unidade com outras Igrejas, com outros cristãos. Faz-nos viver unidos na diversidade. O Espírito Santo nos ensina a conviver e a dialogar com aquilo e aqueles que pensam diferente de nós. O Espírito Santo é aquele que tira o medo e o comodismo e enche os cristãos de coragem para irem em missão, para irem trabalhar para a construção do Reino de Deus, na luta pela paz, pela fraternidade e solidariedade.

Fonte: Pe. Átila Latini msc, Pároco da Igreja Nossa Senhora do Sagrado Coração – Santuário das Almas Niterói