No dia 19 de novembro celebraremos o Dia mundial dos Pobres.
O Papa Francisco, em sua mensagem anual para este dia, começa com a frase bíblica de São Paulo: “Jesus Cristo (…) fez-Se pobre por vós” (2 Cor 8, 9). Com estas palavras, o apóstolo dirige-se aos cristãos de Corinto para fundamentar o seu compromisso de solidariedade para com os irmãos necessitados. O Santo Padre deseja que os cristãos reflitam sobre seu estilo de vida e as inúmeras pobrezas do momento atual.
A mensagem papal faz referência ao lento alívio em relação à pandemia, mas que deixou tantas consequências de pobreza, e aponta as guerras, sobretudo na Ucrânia, como causas de enormes destruições e mortes, sofrimentos de todo tipo, migrações e pobrezas. As ameaças recíprocas de alguns poderosos abafam a voz da humanidade que implora e anseia pela paz. Como afirma o Papa Francisco: “Quem sofre as consequências é uma multidão de gente simples, que vem juntar-se ao número já elevado de pobres”.
Como ajudar a tantas pessoas para dar alívio e paz? Já nas primeiras comunidades cristãs eram realizadas, como atesta o apóstolo Paulo, coletas pelos pobres (cf. 2Cor 8 e 9). Estas continuam até nossos dias, através das coletas dominicais, para as necessidades de nossas comunidades. É um sinal de caridade que os cristãos sempre cumpriram com alegria e sentido de responsabilidade, para que a nenhum irmão e irmã faltasse o necessário. Em relação à caridade nos conflitos e suas consequências, o Papa Francisco afirma: “As famílias abriram as suas casas para deixar entrar outras famílias, e as comunidades acolheram generosamente muitas mulheres e crianças para lhes proporcionar a devida dignidade”. Estes gestos de solidariedade consistem precisamente em partilhar o pouco que temos com quantos nada têm, para que ninguém sofra. Quando cresce o sentido de comunidade e comunhão como nosso estilo de vida cristã, fundamentada no mandamento do amor, sempre mais se desenvolve a solidariedade. O contrário também é verdadeiro, quando o dinheiro se torna o objetivo último da vida. Neste sentido, o Papa se expressa assim: “O problema não está no dinheiro em si, pois faz parte da vida diária das pessoas e das relações sociais. Devemos refletir, sim, sobre o valor que o dinheiro tem para nós: não pode tornar-se um absoluto, como se fosse o objetivo principal… impedindo de reconhecer as necessidades dos outros”.
Não se trata de ter um comportamento assistencialista com os pobres, apenas para situações de emergência ou para tranquilizar a consciência, mas propostas para que todos tenham condições de vida digna e feliz. Como afirma o Papa: “Ninguém pode sentir-se exonerado da preocupação pelos pobres e pela justiça social” (EG 201). Esta justiça social pode evitar a miséria de tantos que se sentem excluídos e descartados, sem chances de vida digna. Neste sentido, o Santo Padre adverte: “A pobreza que mata é a miséria, filha da injustiça, da exploração, da violência e da iníqua distribuição dos recursos. É a pobreza desesperada, sem futuro, porque é imposta pela cultura do descarte que não oferece perspectivas nem vias de saída”.
A partir da fé, percebemos que a riqueza de Jesus é o seu amor, que vai ao encontro de todos, sobretudo de quantos estão marginalizados e desprovidos do necessário. Por causa deste amor, despojou-se a si mesmo e assumiu a condição humana. Por amor, fez-se servo obediente, até à morte e morte de cruz (cf.Fl 2, 6-8). O Papa Francisco conclui sua mensagem, desejando que o VIº Dia Mundial dos Pobres se torne uma oportunidade de graça, para fazermos um exame de consciência pessoal e comunitário, interrogando-nos se a pobreza de Jesus Cristo é a nossa fiel companheira de vida.
Fonte: Dom Aloísio Alberto Dilli, Bispo de Santa Cruz do Sul (RS) em https://www.cnbb.org.br/dia-mundial-dos-pobres-9/