Na Igreja Católica, a palavra ‘Advento’ se refere ao período de quatro semanas preparatórias para o Natal. O termo é cristão, mas de origem profana, pois significa ‘visita oficial de um personagem importante no tempo da sua posse’.
Nos escritos cristãos dos primeiros séculos, torna-se termo clássico para designar a vinda de Cristo. Trata-se de preparar bem a Festa do Natal, fazendo-a superar a mera comercialização ou as insuficientes emoções humanas, para chegar à profundidade do mistério de um Deus que nasceu entre os homens, a fim de orientar o mundo e a humanidade, segundo um novo plano.
O Menino Jesus que nasceu em Belém, pobre e rejeitado, é realmente o Rei do Universo. Ele não impõe a sua vontade e o seu reinado, mas convida a todos a acolher sua lei e construir, assim, uma sociedade de paz e universal fraternidade.
O Advento deve ser um tempo de conversão!
O Natal será festa de verdadeira alegria, de profunda paz e renovada comunhão entre os homens, na medida em que houver uma autêntica e profunda preparação espiritual. Estudando a Sagrada Bíblia, descobre-se que os grandes mestres do tempo do Advento são o profeta Isaías e o precursor João Batista, cujas leituras nos são propostas na liturgia das quatro semanas de preparação para o Natal.
O profeta Isaías estimula a expectativa e o desejo da vinda de Cristo, descrevendo a beleza dos tempos messiânicos: “Então o deserto se converterá em jardim e o jardim tomará o aspecto de um bosque. No deserto reinará o direito e a justiça habitará no jardim. A justiça produzirá a paz e o direito assegurará a tranquilidade. Meu povo habitará em mansões serenas, em moradas seguras e abrigos tranquilos” (Isaías 32, 15-18).
São João Batista, o austero pregador do deserto, exorta à penitência e conversão, bradando: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Lc 3, 4-5).
As quatro semanas do Advento que terminam na Festa do Natal são, para nós cristãos, uma fonte de espiritualidade, uma bússola capaz de dar rumo e sentido a nossas vidas. “O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos” (cf. Diretório da Liturgia, 2014, Ano A, p.14).
Cada celebração do nascimento do Cristo é uma reafirmação da força invencível da Verdade e do Bem. Mostra o valor de uma luz que se acende nas trevas. Neste tempo que antecede o Natal, a “Coroa do Advento” aparece ao lado do altar nas Igrejas Católicas. A Coroa do Advento, feita com ramos verdes, enfeitada com fitas coloridas e quatro velas, que progressivamente vão sendo acesas, retoma o costume judaico de celebrar a vida da luz na humanidade, dispersa pelos quatro pontos cardeais. Há ainda um bonito costume de colocar a Imagem de Nossa Senhora grávida no centro da Coroa do Advento, recordando-nos assim do mistério que estamos nos preparando para celebrar.
Os preparativos e a expectativa para o Natal marcam o mês de dezembro de cada ano. Há, entretanto, profunda diversidade de motivos que alteram os hábitos e sentimentos de pessoas nesta época. Crença genuína ou mera caricatura do nascimento de Cristo; narração fiel ou distorção do fato histórico e de sua dimensão sobrenatural; simples promoção comercial; um simples desejo de aparentar bondade; cumprimento de obrigações sociais: tudo isso significa falsificação de uma mensagem profunda e transformadora. É o Natal num mundo secularizado e descristianizado.
Porém, há outra festividade natalina que consiste na autêntica e verdadeira celebração do nascimento de Cristo. Esta nos leva a uma expectativa de um novo nascimento de Cristo na alma de cada cristão. Durante o período do Advento e, especialmente, no Natal, proclamamos nossa fé no Filho de Deus que se fez homem para nos salvar.
O Advento e o Natal são riquezas de Deus oferecidas aos homens. Vamos recolher esse tesouro, reparti-lo com nossos irmãos e irmãs e com todo o Povo de Deus.