Assim nos diz o documento da Conferência Latino-americana de Puebla (México): “A fé cristã não despreza a atividade política; pelo contrário, a valoriza e a tem em alta estima. A Igreja sente como seu dever e direito estar presente neste campo da realidade: porque o cristianismo deve evangelizar a totalidade da existência humana, inclusive a dimensão política. Por isso ela critica aqueles que tendem a reduzir o espaço da fé à vida pessoal e familiar, excluindo a ordem profissional, econômica, social e política, como se o pecado, o amor, a oração e o perdão não tivessem importância aí. Efetivamente a necessidade da presença da Igreja, no âmbito político, provém do mais íntimo da fé cristã: do domínio de Cristo que se estende a toda a vida. Cristo marca a irmandade definitiva da humanidade; cada homem vale tanto quanto o outro: ‘Todos sois um em Cristo Jesus’ (GI.3,28). (Puebla 514-515).
Quando a Igreja fala sobre assuntos sociais e/ou políticos, ela está dizendo que estas atividades são caminhos e compromisso dos cristãos, para a busca do bem comum. Existem pessoas que perguntam: A Igreja deve se meter com estas coisas? Isso é coisa para a Igreja se preocupar? Para responder a estas perguntas citarei um pequeno trecho da Encíclica Centesimus Annus do Papa João Paulo II: “Efetivamente, para a Igreja, ensinar e difundir a doutrina social pertence à sua missão evangelizadora e faz parte essencial da mensagem cristã, porque essa doutrina propõe as suas consequências diretas da vida da sociedade e enquadra o trabalho diário e as lutas pela justiça no testemunho de Cristo Salvador.” (CENTESIMUS ANNUS 5). Em nosso meio ainda existem muitos cristãos que acham que a Igreja deve somente se preocupar com as “coisas espirituais” ou, então, “lugar de padre é na sacristia” “Vivem sempre como se nenhum caso fizessem das necessidades sociais” (GAUDIUM ET SPES 30). Creio que precisamos entender melhor a missão de Jesus Cristo e, consequentemente, a missão de seus seguidores, que somos todos nós e, juntos, formamos a Igreja. Jesus Cristo veio anunciar a todos que Deus é nosso Pai bondoso e que Ele tem um projeto para nós. Um projeto de vida feliz para todos. Essa felicidade se realiza em todos os níveis, tanto espiritual quanto material. Por isso é que para uma pessoa se realizar e ser feliz não basta que ela tenha Deus em sua vida, é preciso que tenha as condições básicas para poder viver com dignidade, ou seja, casa, comida, trabalho, saúde, etc… O próprio Jesus disse que veio para que todos tivessem vida e vida plena, em abundância. (Jo. 10,10). Assim, nós cristãos devemos primeiramente anunciar que Deus é Pai e que formamos a sua família de irmãos e irmãs. Em segundo lugar, devemos assumir o compromisso de ajudar para que TODOS TENHAM VIDA com o necessário para viver dignamente. Cada um, dentro de suas possibilidades, pode fazer alguma coisa para que todos vivam mais felizes. Se nós ainda achamos que ser cristão é só rezar, ir à missa e cumprir algumas normas morais da Igreja, é porque não entendemos suficientemente qual é o verdadeiro sentido da missão de Jesus Cristo e o que significa ser cristão hoje.
Fonte: Pe. Átila Latini msc, Pároco da Igreja Nossa Senhora do Sagrado Coração – Santuário das Almas Niterói