(…) Num tempo em que a própria sociedade privilegia o sucesso profissional e financeiro, torna-se desafiador propor a salutar necessidade de uma reflexão aprofundada para favorecer, sobretudo, aos jovens, opções de vida que possam fornecer-lhes o árduo itinerário existencial de desvendar e viver constantemente a relação com a totalidade da realidade: o mundo, os demais seres humanos e Deus.
Desde que o mundo deixou de ser transparente para Deus e a realidade passou a ser considerada a partir da força de transformação desenvolvida pelo trabalho humano, ou seja, pelo critério da profissionalidade, se reduziu drasticamente a compreensão da identidade, origem e destino do ser humano, que a fé cristã desenvolveu ao longo de quase dois milênios.
Urge favorecer o cultivo de uma consciência aguçada, capaz de perceber a importância de uma decisão de vida, que não abranja somente uma escolha profissional, mas, sobretudo uma forma de vida ou uma vocação. É que “profissão” está relacionada à função social, status, preparação técnica. Enquanto “vocação” demanda realização pessoal, chamado interior, paixão e amor pela forma de vida abraçada; trata-se de algo mais amplo.
A vocação está eminentemente orientada para um futuro. A profissionalização responde a uma necessidade no presente. Perguntar pela vocação de alguém é indagar pelo seu destino, felicidade, realização e salvação.
Fonte: Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS). Leia o artigo completo em https://www.cnbb.org.br/vocacao-caminho-de-vida/